segunda-feira, 9 de junho de 2014

Tomara que o tempo não engula a gente...

Em verdade o meu pensamento é egoísta: tomara que o tempo não me engula!
Tomara que eu perceba quem sou, e me perca totalmente, antes que alguém tenha de vir virar a ampulheta
Já faz muito tempo e eu estou exausta.
Meus olhos choram palavras em braile, mas quem aqui sabe ler braile? Nem eu sei. 
Choro por mim, por falta de mim, e por excesso de mim. Olho em minhas próprias pupilas, e só olho. Me enxergo pouco. A única coisa que se dilata no escuro entre a íris do eu ser, é a insegurança. Minha maldita companheira ciumenta…

Wara Rêgo, Gabriela. 
Te empresto o meu descaso, pra que assim me machuque.
É como tens me visto, príncipe solitário:
um pote de descaso despejado em toda palavra não dita...

Meus lábios que pronunciam cada frase, dão espaço à minha mente para as lembranças dos seus.

Mas isso tudo não significa nada.

Wara Rêgo, Gabriela

...

Impossibilidade de um amargo gostoso
pode deixar o copo vazio em cima da mesa de mim
(e o corpo embaixo)
mas vem correndo me beijar a boca 

num espaço de dois segundos se dissipa
rápida como as asas do eu colibri

se camufle e descanse em meu peito
despejo todo o meu carinho por entre os dedos
te encho de cheiro,
me encha do teu.


wara rêgo, gabriela

sábado, 26 de abril de 2014

O beijo


Tua boca...
Sim... Tua boca...
O desejo tomou conta de mim
ao beijar tua boca.

Sim...
Os meus lábios ainda pressentem
o próximo toque dos teus.

Boca linda...
Lábios vermelhos...
Desejo trazer junto comigo
Sempre...
Esse sabor de mulher.

Encostei teus lábios nos teus,
As bocas se juntaram...
E se encontraram tão belas...
Tão ansiosas... tão ávidas...

Bebi ali todo o teu veneno...
Bebi ali todo o teu desejo...

Dali, tua pele, sensível ao toque,
se desvendou para minhas caricias...

Meus lábios tocaram a tua pele...
Lábios, peregrinos, visitaram seus refúgios...

Linda mulher...
Lindo desejo...
Deixei algo de mim no teu beijo
que não recupero jamais...

Entrei no teu quarto.

Sentada na cama de calcinha e camiseta,
cabelos soltos...
Beleza sem par...
A materialização da fêmea...
Linda como nunca... fêmea.
Tu falavas e eu...
embriagava-me de ti...
embebia-me de ti...
Prendia-me o olhar...
um ar de sedução...
Assim sob o abat-jour...
Beleza... fascínio.. calor...

Soltei o pensamento...
- Te quero...
O desejo me integrou...
Recebi a tua mão no meu rosto
e a caricia me tocou por dentro.
Entreguei-me.
Deitaste sobre meu corpo...
Um beijo na minha boca...
Suave... mulher apaixonada...
Rendida à magia...
Te afastaste...
Um seio para fora,
colocado sobre meus lábios.
Lábios secos aveludados...
Percorrendo lentamente a auréola
Lábios macios...
Tocando a ponta dos mamilos.
Gemidos... murmúrios...
Arrepios...
Dentes sem força...
Ponta da língua...
Leve...

Corpo perfeito.
As minhas mãos percorrendo
a geografia da pele.
A topografia da carne.
A ponta dos dedos...
A palma das mãos,
em lenta progressão,
por caminhos indecifráveis.
Penugens...
dos braços...
das pernas...
das coxas...

Calor,
teu corpo esta quente.
Cheiro de fêmea...
fragrância...
Prazer.
Sabor.
Todos sentidos presentes
Delicias.

Deitei-me sobre ti.
Tua coxas me tocam os flancos.
As bocas que se encontram,
línguas que se integram.
Sexos que se tocam,
águas que se misturam.
Braços que se enlaçam.
O beijo percorre teus dentes.
Meus dentes pressionam teus lábios.
Súbito um beijo de carinho
no meio do ardor.
Como para buscar a alma
neste mundo de presenças.

As mãos penetram nos cabelos,
sucessivos beijos nas faces,
nos olhos, nos lábios.
Confiança de ser minha.
Certeza de ser teu.
Palavras de carinho e amor.

Os lábios viajam pelo rosto,
enquanto pernas e braços se enlaçam.
Se acolhem, se apertam...
E então um beijo profundo
Um doce sabor...
Encontro de águas..
Sugo teu espirito para dentro de mim...
Entrego o meu para ti...
Os dois se integram num só
na junção dos plexos solares.
Não estamos mais ao nível da pele.

Tua boca exige minha boca.
Os ventres se movem em procura de encontro.
A pele se abre na mistura das carnes.
Músculos que se apertam.
Não existe mais
qualquer conceito de distancia.

As línguas desejam lamber...
Os dentes desejam morder...
A boca deseja sugar...
O pescoço... Os ombros...
Os braços... O colo...
Mordendo e lambendo as axilas...
Abocanhando firme os teus seios.
Sugando prá dentro da boca
Extraindo deles o leite...
A língua, dentro, beijando.
Mordo, te machuco.
Você me arranha as costas...
Puxa os cabelos...
As pernas me apertam...
Diz que me quer...

Eu paro...
Beijos de carinho...
na ponta dos seios.
No colo, na boca.
Te quero... Te amo...

Retomo o fervor.
Alcanço teu sexo.
Te beijo com os meus lábios
os lábios da tua vulva.
A virilha... o anus...
A língua... a saliva...
A ponta da língua...
A língua inteira...
Estremeces...
Imploras...

Encontro tua fonte...
e vou lá no fundo beber tua água...
muita água...
e trago prá dentro de mim...
saciando a sede de teu sabor.
Eu mordo... tudo.
A língua .
Chego no ponto certo.
A boca...
A língua...
Os dentes...
Tu gritas....

Inicias um frêmito crescente...
Puxo teu corpo
para cima do meu.
Com os dedos afasto teus lábios
e entro em ti até o fundo.
Tu me engoles..
Me comes...
O ritmo cresce....

Um grito da alma...
No fundo... paramos.
As bocas se igualam...
Te encho de leite.
Lagrimas... soluços...
Abraço apertado...
Carinho...
- Te amo. Relaxas...
Adormeces em cima de mim.


Calex Fagundes

Boceta

da entrada à entranha
dessa eterna
morada
da morte diária
molhada
de mim
desde dentro
o tempo
acaba

entre lábio e lábio
de mucosa rósea
que abro
e me abra
ça a cabe
ça o tronco
o membro
acaba o tempo

Arnaldo Antunes. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

*

Não sei se encaro o meu papel de louca e uso das mil possibilidades que criei pra te conquistar...
Ou se me ponho num lugar de figurante da tua peça

As cortinas de mim estão se fechando os poucos, mas ainda avisto alguém na platéia e é você...

Aplaudindo o que?
A minha comédia, o meu drama... ou tudo isso dentro do meu monólogo?

Lhe presenteei com uma piscadela, Aline. 
Olha que mágico: Você sorriu!!!

E de repente vem a minha mãe me acordando antes que o sonho termine.

A verdade é que eu tenho muitos papéis pra encenar na mesma noite, e me perco dentro de um que não sabe de nada.

Acordar dói!

terça-feira, 11 de março de 2014

Era pra além de gostosa, ser inteligente. Que puta falta de sorte é essa que tem me cercado?