segunda-feira, 9 de junho de 2014

Tomara que o tempo não engula a gente...

Em verdade o meu pensamento é egoísta: tomara que o tempo não me engula!
Tomara que eu perceba quem sou, e me perca totalmente, antes que alguém tenha de vir virar a ampulheta
Já faz muito tempo e eu estou exausta.
Meus olhos choram palavras em braile, mas quem aqui sabe ler braile? Nem eu sei. 
Choro por mim, por falta de mim, e por excesso de mim. Olho em minhas próprias pupilas, e só olho. Me enxergo pouco. A única coisa que se dilata no escuro entre a íris do eu ser, é a insegurança. Minha maldita companheira ciumenta…

Wara Rêgo, Gabriela. 
Te empresto o meu descaso, pra que assim me machuque.
É como tens me visto, príncipe solitário:
um pote de descaso despejado em toda palavra não dita...

Meus lábios que pronunciam cada frase, dão espaço à minha mente para as lembranças dos seus.

Mas isso tudo não significa nada.

Wara Rêgo, Gabriela

...

Impossibilidade de um amargo gostoso
pode deixar o copo vazio em cima da mesa de mim
(e o corpo embaixo)
mas vem correndo me beijar a boca 

num espaço de dois segundos se dissipa
rápida como as asas do eu colibri

se camufle e descanse em meu peito
despejo todo o meu carinho por entre os dedos
te encho de cheiro,
me encha do teu.


wara rêgo, gabriela